sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

27º dia [28/jan] 1º dia efetivo no FSM

O dia começou cedo. Despertar às 6h30. Mas o dormir "só mais um pouquinho" demorou 45 min, e levantamos às 7h15. Queríamos estar às 8h no local da 1ª palestra do dia, com Heloísa Helena, mas até que tomamos café e arrumamos as coisas, era 8h20.

Fomos, então, pro ponto programado para a palestra. Não tinha sequer tenda montada lá. Demos umas voltas e descobrimos o local que o povo do PSol arrumou pra fazer a palestra: a tenda Ir. Dorothy onde, por coincidência, está trabalhando nossa amiga Arleth. Esta nos falou que eles nem pediram pra fazer lá, apenas foram "tomando conta".

Foi interessante a presença do povo do PSol, com vários gritos de ordem. A maioria eram jovens. Tinham gritos sobre a crise, sobre o massacre do povo palestino, sobre o partido, dentre outros.

Era quase 10h quando a palestra começou, com uma fala de uns 15 min dum francês, François Ollivier, do Novo Partido Anticapitalista da França.

 

FALA DA HELOÍSA HELENA

 

Depois teve a fala da Heloísa Helena, focada na crise econômica internacional.

Foi interessante. Mas acho o PSol muito radical. Eles querem representar um socialismo puro, e ao mesmo tempo conquistar o poder. Eu acho muito difícil isso acontecer num âmbito maior (nacional), pois a estrutura é de direita, e Lula só conseguiu se eleger porque se aliou com a burguesia. Também não achamos que a mudança estrutural da sociedade acontecerá pela via política, mas sim pela sociedade civil organizada. Por mais esquerdista que um partido seja, quando chega no governo consegue apenas fazer algumas coisas esquerdistas, mas no geral tem que seguir a estrutura, que é de direita.

 

MSL

 

Na palestra, estava presente o MSL - Movimento Terra, trabalho e Liberdade, dissidente do MST e mais radical. Eles cantaram uma música que odiamos. Um trecho dizia: "Aqueles que mandam matar também têm que morrer".

Como cristãos, acreditamos que não é com violência que se constrói a paz. Gandhi dizia: "Olho por olho, e o mundo ficará cego".

 

IDA PRA UFPA

 

O Fórum Social Mundial acontece em 2 universidades federais: a UFRA (algo como Universidade Federal Rural da Amazônia, onde estamos) e UFPA (Universidade Federal do Pará). É relativamente perto de uma até outra. Tem um barco que leva o povo, e fomos com ele (R$ 2).

O calor do meio-dia é extremamente desanimador. A gente perde a vontade de participar das atividades. Fomos até o local que procurávamos onde, de acordo com a programação, teria algo contra a criminalização dos movimentos sociais. Mas não era palestra nem debate: eram atividades culturais. Assistimos um pouco, compramos umas camisetas do FSM, e pegamos um busão pra voltar pra UFRA.

 

LUTAS DA AMAZÔNIA

 

Demos uma passada na tenda Ir. Dorothy, onde falavam sobre "A Igreja e seus mártires em defesa da Amazônia".

Sentados no chão, lutando contra o sono (resultado da equação calor + pós-almoço), ouvimos uma fala de denúncia, dizendo como aconteça a repressão a quem luta por justiça na Amazônia. Bem sério isso.

 

LEONARDO BOFF E MARINA SILVA

 

Saímos no meio da fala sobre Amazônia para ir pra outra tenda, sobre "Meio Ambiente e Participação da Juventude", com Leonardo Boff e Marina Silva. Muito concorrido, por sinal. A tenta tava cheia. Sorte que a parte lateral era aberta, então achamos umas cadeiras e sentamos na grama, do lado de fora.

Alguns trechos das falas:

Leonardo Boff:

- Eles estavam errados, e tiveram que reconhecer o fracasso daquele outro mundo, impossível;

- O capitalismo vem, há 300 anos, sugando de forma ilimitada os recursos naturais de nosso planeta, distribuindo de forma extremamente injusta os resultados, sem nenhuma sensibilidade intergeneracional;

- Sócrates andava pelos mercados de Atenas, mas não comprava nada. Apenas olhava para tudo o que ele não precisava para viver;

- O bem-comum foi mandado para o limbo com o capitalismo;

- Se queremos ser realistas, temos que ser visionários.

Marina Silva:

- Não existe nada mais propulsor, alavancador de mudanças que o jovem;

- Nós (humanidade) não fomos sábios para aprendermos com os erros de nossos antepassados. Não sejamos estúpidos de não aprendermos com os nossos;

- Se a juventude fosse pragmática, pensando demais nas conseqüências, não teríamos construído a redemocratização do país;

- Não teremos um "salvador da pátria". Teremos lideranças multicêntricas para questões multicêntricas;

 

Muito show as duas palestras. A do Boff, pelo tema, foi bem parecida com a palestra que vimos no Fórum de Teologia. Mesmo assim, ambas foram bem bacanas e reforçam a esperança e a crença na juventude como agente de mudança.

 

DECEPÇÃO COM ACAMPAMENTO DA JUVENTUDE

 

As atividades do Fórum tão bacanas, mas a interação com outras pessoas está aquém do esperado, especialmente com outros jovens.

Sonhávamos que o Acampamento Internacional da Juventude, onde estamos, fosse um espaço onde pudéssemos encontrar jovens do mundo todo e trocar idéias com eles sobre o "outro mundo possível".

Tem, sim, inúmeros jovens de todo o mundo (alguns falam em 6.000, a grande maioria do Brasil). Mas os papos não são tão cabeças assim. O problema é que a maioria dos que encontramos veio junto com ônibus de universidades, e não pertencem a alguma organização. Muitos destes acabam vindo fazer turismo. Dessa forma, o povo se preocupa mais com a diversão do que com o Fórum em si. À noite o negócio ferve (som no acampamento, gente circulando pra lá e pra cá).

À noite, começamos a cogitar mudar-se para o acampamento da Via Campesina (que acontece num centro tecnológico a 1km daqui, com alojamento das salas). Ao menos lá o povo tem mais conteúdo. Vamos ver amanhã.

 

CHOVE CHUVA... E COMO CHOVE

 

À noite, nos dirigíamos, a pé, para o Acampamento da Via, onde era pra ter a Jornada Socialista.

Mas, no caminho, um torró de chuva caiu sobre nós. Os mais precavidos (Lila, Tonho e eu) voltamos, pra não ficarmos gripados. Os demais foram tomar uma cerveja (exceto a Iva, que já tava nas barracas).

Voltando para as barracas, estávamos com medo de ter estragado câmera digital, celular e relógio. Pra nossa alegria, a chuva não afetou eles muito, mesmo estando nas sacolas que levávamos junto. Mas os materiais (jornais, panfletos...) ficaram todos molhados. Molhou até o recibo de pagamento das inscrições do 9º ENPJ, que estava na pochete. Vamos ver como faremos para restituir... =D

Como a água já tinha enchido a valeta e começava a invadir as barracas, pegamos um balde e esvaziamos um pouco a valeta. Depois tomamos banho e fomos dormir, cansados de caminhar o dia todo.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog, mesmo morando em Belém não estou participando do FSM, mais fico feliz em acompanhar o blog e ter notícias do FSM... []´s

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