quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

6º dia [7/jan] Sorria, você está na Bahia!!


Como sempre, a idéia era sair cedo. Como sempre, o sono falou mais alto e atrasamos um pouco.

Além disso, o Clemildo e a Jesuíta nos prepararam um gostoso café-da-manhã e tivemos que ficar mais :D

Eram aproximadamente 8h quando saímos da capital federal, rumo à Bahia.

 

Retas, retas, retas...

 

A gente nunca tinha visto tanta reta na vida. Logo na saída de Brasília, tinha um lançante de 10km!! Dez quilômetros de retão, onde no início já se via o fim!!

Depois tiveram outras, de 8, 9km...

 

1ª TMP da viagem superada

 

Hoje a Lila comunicou que encerrou-se o período de sua 1ª TPM. E, para nossa alegria, sobrevivemos.

A gente viu que ela tava mais braba que o normal... :D

 


Velocímetro doente

 

Descobrimos que nosso ponteiro que mede a velocidade tem Parkinson. Quando está em 70 km/h, ele fica temendo entre 60 e 80. Quando está em 90, treme entre 80 e 100. O estranho é que, quando chega a 100km/h, ele estabiliza.

Daí nossa co-pilota Lila sempre fica atenta e xinga nóis, motoristas, quando o ponteiro não está tremendo.

 

Almoço e articulações

 

Paramos para almoçar numa cidadezinha do interior de Goiás chamada Alvorada do Norte.

Aproveitamos para achar uma lan house e fazer alguns contatos em Barreiras (BA) e Cristópolis (BA), buscando algum lugar para pouso.

Entramos no site da Diocese de Barreiras e enviamos um e-mail para eles, nos apresentando e pedindo contato da PJ de lá.

Também entramos no Orkut e achamos uma comunidade da PJ de Barreiras. Mandamos recado para a comunidade e para um jovem.

 

No almoço, tinha uma carniça carniça perto, dando cheiro agradável. Ontem, almoçamos cheirando manga podre. Hoje, carinça. Qual será o odor que acompanhará o almoço de amanhã?

 

Enfim, Bahia

 

À tarde, entramos na Bahia. Logo na divisa, uma placa: "Sorria, você está na Bahia". Foi instanâneo o impulso de parar a Kombatente para tirarmos fotos sorrindo na frente desta placa. Aproveitamos e fizemos aí a "dança dos Kombatentes". Uma hora dessas, quando a gente achar uma internet boa, a gente posta o vídeo no Orkut.

 

Latifúndio, latifúndio, latifúndio

 

Já no início da Bahia, uma triste realidade: concentração de terras. Quilômetros e quilômetros de lavouras de soja e milho. Uma lavoura de soja que acompanhamos tinha mais de 10km de extensão, por ao menos 2 de largura (provavelmente mais). Isso dá mais de 2.000 hectares. Infelizmente, nas mãos de poucos. Será que uma pessoa precisa de tanto para viver?

Não dá pra negar que é bonito ver o lavourão. Mas é triste saber que isso existe às custas da pobreza e do êxodo de muitos.

 

Quebra-molas, lombada ou o quê?

 

Acompanhamos as várias denominações de algo utilizado para diminuir nossa velocidade (e às vezes para fazer nossas cabeças baterem no teto). Em Santa Catarina, é lombada. Em Martinópolis (SP), é quebra-mola. Em Minas, saliência. E em Goiás e no DF, ondulação transversal.

 

A busca por um cantinho pra dormir

 

Após dezenas de quilômetros sem sinais de "aglomerações populacionais", chegamos à Luiz Eduardo Magalhães (BA), capital do (arghh) agronegócio.

Acessando nossa internet, nenhum e-mail ou recado dizendo "podem vir que aqui tem pouso". Então o cartão telefônico começou a trabalhar. Tentamos ligar para a diocese de Barreiras e para a paróquia de Cristópolis, mas ninguém atendeu. Olhamos na internet telefones de paróquias em Barreiras, e ligamos para lá. Pedimos contatos de jovens da PJ, e o povo disse que não tinham o telefone deles. Acho que eles ficaram desconfiados da gente (e com um pouco de razão. Imagina uns louco ligando dizendo que são de Santa Catarina e estão indo pra Natal, e gostariam de partilhar experiências com os jovens daí...).

Então fomos na sede da paróquia daí, de Luís Eduardo Magalhães. O contato pessoal sempre é "mais melhor". Quem sabe o padre poderia fazer uma ponte com Barreiras.

Mas o padre não estava lá. Então seguimos para Barreiras.

Ficamos felizes por termos ganho uma hora: na Bahia não tem horário de verão. Pena que essa hora que nos foi emprestada vai ser pedida de volta mês que vem...

 

Chuva de meteoros na estrada

 

De Luís Eduardo Magalhães a Barreiras, recentemente deve ter acontecido uma chuva de meteoros na estrada. Se fosse de meio-dia, iríamos parar para fazer almoço nas panelas.

O Tonho, após entrar numa panela, soltou uma pérola: "se eu passo mais devagar, quase perco o buraco!".

Em alguns trechos, tínhamos que andar a 30km/h para não se arrebentar nos buracos

Nesses momentos um pouco mais difíceis, foi bacana que, naturalmente, o povo começou a cantar músicas de luta, de incentivo, como "O mesmo rosto", "Se calarem a voz dos profetas", "Axé" ("irá chegar, um novo dia, um novo céu, uma nova terra, um novo ar...").

Foi muito bom. Isso deu incentivo para mim, que tava no volante, dirigir com mais tranqüilidade no trecho esburacado.

 

Uma pousada para pousar

 

Não conseguimos articular pouso em Barreiras. No nosso planejamento, a segunda opção seria a AABB. Mas já tínhamos ligado para a AABB de Barreiras, e não tem espaço para camping.

Como estava chovendo um pouco, e estávamos cansados (resultado de uma seqüência de noites dormindo pouco e quase 3.000km rodados), resolvemos procurar um hotel ou pousada pra dormirmos. Assim, conseguiríamos descansar, dormir cedo e partir às 5 da manhã amanhã.

Chegando em Barreiras, paramos num posto de gasolina para pedir indicação de hotel. Para entrar na rua lateral e entrar no posto, entramos na contra-mão sem perceber. Na saída para a outra rua lateral, para chegar às pousadas, novamente na contra-mão (não era o motorista que era ruim, mas a sinalização que era falha... hehe).

Visitamos 4 pousadas e 1 hotel. Os preços variaram de R$ 130 a R$ 90 para nós 4. Obviamente ficamos com o de menor preço.

Eu tava meio pensativo, porque um dos objetivos da viagem é buscar o desprendimento material e abrir mão do conforto. E a pousada era muito bonita, inclusive com piscina.

Mas, quando entramos no quarto, essa preocupação se foi: a ausência de conforto seria preservada. O quarto, minúsculo, esta fedido e quente. Na hora de tomar banho, o chuveiro não esquentava e a maçaneta da porta do banheiro caía quando abríamos.

Além disso, havia uma horda feroz de mosquitos sedentos por sangue. S

egundo o Tonho: "tem que cuidar com a dengue, malária... Tudo que é qualidade de doença os mosquitos tem".

Imagine, tivemos que passar repelente no corpo para dormir...

 

Janta e ligações

 

Como nossa comida ou tinha sido ingerida, ou tava meio estragada, fomos procurar um lanche pra comer. Acabamos devorando uns pastéis, adquiridos a horrorosos R$ 6 a unidade (eram meio grandinhos, mas não tanto).

Aproveitamos e alguns de nós ligamos para casa. Eu, filho desnaturado, ainda não tinha ligado. E, como o blog estava há 2 dias sem atualizações, tavam todos preocupados lá por casa... tsc tsc.

 

E assim, finalizou-se mais um dia de aventuras. Já são mais de 2600 e apenas 2 problemas mecânicos. Boa média (1 a cada 1.300 km...)

 

Comparações

 

As comparações antonianas já viraram moda na viagem. Segue algumas de hoje:

 

- passando por uma ponte, Tonho e Lila comentam entre si que não "gostaram" da turma de 4 homens que estavam por lá, e sai a comparação: "mais suspeitos que sogra carinhosa" (filha está encalhada e quer conquistar o genro)

 

- ao passar por um caminhoneiro que estava com seu veículo quebrado ao lado da BR, adivinhem que fez uma comparação? Tonho, é claro: "quebrar o caminhão nesse trecho é mais dolorido que parto de porco-espinho"

 

- Tonho: "vou ter que tomar meu remédio para o fígado, senão daqui a pouco começa a azia e diabo a quatro. Meu fígado é mais enrolado que discurso de gago ou namoro de cobra".

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