segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

21º dia [22/jan] Leonardo Boff é mara!! Fórum Mundial de Teologia e Libertação

Levantamos, tomamos café e pegamos o busão para ir até o Centur, acompanhar a super aguardada palestra de Leonardo Boff. Indo até o ponto, o busão já tinha passado. Então corremos até a próxima esquina, e conseguimos alcançar o dito-cujo.
Lá, encontramos o Jacson Santana, do CIMI, nosso conhecido da Diocese de Chapecó (foi liberado diocesano da PJ no final da década passada).
Para não ficarmos tendo que fingir que éramos da organização, nossa super-Arleth conseguiu para nós uns crachás de participantes. Fiquei suado e com o coração batendo mais forte por estar fazendo isso, e fiquei refletindo se era ético ou não. Cheguei à conclusão que não estávamos prejudicando ninguém, pois não estávamos tirando a vaga de ninguém. Pelo contrário: estávamos fazendo algo bom, pois poder assistir o Boff ajuda em nossa formação e, como lideranças da PJ, aprimora nosso trabalho para com os jovens.
Elogiando a Arleth por tudo que ela tem feito pela gente, ela solta uma piadinha: "Cola em mim que é só sucesso!".

PALESTRA LEONARDO BOFF

Tivemos a alegria de assistir à palestra do Leonardo Boff, sobre "Água, Terra, Teologia: rumo a um paradigma ecológico".
Muita coisa interessante na palestra. Resumindo em poucas palavras:
- não adianta o mundo ser "mais do mesmo": mais produção, mais consumo, mais exclusão. É preciso inventar novos caminhos;
- se não cuidarmos de nossa "casa comum" (a Terra), não teremos onde habitar, porque é a única;
- ver a ecologia como um novo jeito de se relacionar com a Terra, e não apenas como uma técnica para aproveitar recursos escassos;
- o caminho não é o "desenvolvimento sustentável", mas um "modo sustentável de viver";
- nós, humanos, ocupamos um lugar singular no planeta: o da responsabilidade pelo cuidado;
- antes fazíamos uma guerra de exército contra exército, depois de nação contra nação, depois cultura contra cultura. Por fim, toda humanidade se reuniu numa guerra contra Gaia (planeta Terra). E não temos chance alguma;
- se não dermos nossa colaboração, seremos cúmplices de uma tragédia iminente;
- devemos causar um "efeito borboleta positivo". Uma pequena ação pode causar grandes mudanças;
- não acredito que a humanidade evolui tanto para acabar em 2 ou 3 gerações;
- eco-simplicidade: podemos ser mais com muito menos. Precisamos de um pouco de água, feijão, arroz, e umas roupas para esconder as vergonhas;
- daqui a alguns anos, todos seremos socialistas. Não por ideologia, mas por matemática. Ou dividiremos o que temos ou morreremos todos;
- sejamos como peixes na piracema: eles nadam contra a corrente, vão até a fonte e, de lá, irradiam novamente a vida.

O cara é fera! Bem bacana essa dimensão do cuidado que ele tanto fala. Não adianta só pensarmos na preservação da natureza sob o aspecto utilitário, do que pode ser benéfico para nós, mas numa ética global, de nosso papel no mundo.
Legal que o Boff não usou slides, filmes, músicas, não ficou pulando e dançando no palco, e mesmo assim sua palestra foi super interessante. Quando o cara tem bastante a dizer, e fala de modo simples, não precisa de tantos recursos para prender a atenção.

Findando a exposição dele, abriu-se espaço para as perguntas escritas. Nós fizemos uma: "Qual é o papel da juventude na mudança dessa realidade insustentável?". Mas, como eram muitas perguntas, ele respondeu numa fala só, e não considerou todas. Dessa forma, a nossa não foi respondida.

Ao fim da palestra, nos juntamos aos diversos que foram bater fotos, pegar autógrafos e fazer entrevistas com ele. Tínhamos comprado um livro dele pro Tonho, de presente, e queríamos autografar.
Com um pouco de paciência, e também sendo um pouco metidos, conseguimos o autógrafo. Mas a foto quase perdemos: ele já estava cansado e se levantava para sair, finalizando a seção de autógrafos e fotos. Mas a Lila pediu: "conterrâneo, tira uma foto com a gente. Viemos lá de Santa Catarina". E conseguimos.
Falei para ele: "Tuas palavras nos inspiram na luta por um mundo melhor". E ele respondeu algo como: "Agora vamos colocar esse troço em prática" :D
Muito legal. Realmente, a fala dele fortaleceu nossas utopias.

CONHECENDO A CNBB

Voltamos para a casa da Arleth para almoçar e, à tarde, voltaríamos para o FMTL, para as oficinas. No ponto do ônibus, mudamos de idéia. Como muitas oficinas são em outros idiomas, sem tradução, e as vagas são limitadas, considerando que já estava quase na hora, as chances de não conseguir vaga seriam grandes. Então optamos por ir conhecer a sede da CNBB, regional Norte 2, onde a Arleth trabalha (nas pastorais sociais).
Outro motivo para isso foi que surgiu a oportunidade de conhecermos a casa dos pais da Arleth, no interior da Floresta Amazônia, a uns 150km daqui. Então vamos ver se conseguimos convencer a chefe dela a liberá-la amanhã à tarde, para irmos até lá e voltarmos no domingo. Vamos perder o resto do FMTL, incluindo a palestra da Marina Silva, mas temos que fazer opções. E vamos optar pela vivência à teoria.
Na CNBB (que é super-longe daqui, mesmo de busão), conversamos com a chefe da Arleth, e deu certo.
Também fomos para a salinha da PJ, onde estava o Fábio (da Coordenação Nacional da PJ) e outros da Consulta Popular, o jovem Lindenilson (daqui do Pará, que já foi da CNPJ) e o não tão jovem Goulart, do Paraná. Com eles, tivemos um papo bem bacana de troca de idéias sobre vários aspectos da sociedade, incluindo a discussão sobre "outro mundo possível". Talvez valeu mais do que se estivéssemos nas oficinas. Adoro essa troca de idéias com gente que tem algo a debater. Promove nosso crescimento.

BUSÃO LOUCO

Na volta pra casa, pegamos um busão cujo motorista estava super-apressado. Como resultado, fazia as curvas em alta velocidade, desviava dos carros, e fazia a gente estar com o coração na mão, sentindo-se numa montanha-russa.
Dali a pouco, toca a sinetinha e um casal de portugueses se prepara para descer. Antes disso, o português xinga o motorista: "pare este ônibus. Tu não sabes dirigir. Lá em Portugal tu não farias isto. Pare esta bosta agora!". O motorista revidou, dizendo que tinha horário para chegar.
Penso que o horário não pode ser motivo para arriscar a vida. Como diz o ditado: "é melhor chegar atrasado nesta vida que adiantado na outra". As empresas de ônibus teriam que rever isso, dando condições para que isso não aconteça.

CANTANDO NA PRAÇA

À noite, fomos comer pipoca, tomar chimarrão e tocar violão numa praça "aqui perto". Perto na visão da Arleth, que acha tudo que está a menos de 10 quadras perto. Pra nós, é bem longe, principalmente quando estamos cansados. Mas foi bem legal.

Um comentário:

  1. Vocês ficaram lindos ao lado do sábio Boff. Sortudos...
    Maravilindo tudo o que relatam de suas andanças.Rico mesmo são todas estas experièncias que somam! Vcs são demais! Continuem partilhando sonhos... e bebendo de todas estas realidades. e depois... com tanto açaí vão ficar fortes para enfrentar tudo...

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