13º dia [14/jan] Dia inteiro de ENPJ (nosso primeiro dia de verdade =D)

Aqui no ENPJ o despertar é cedo: às 6h já começa a tocar música no sistema de som e o povo da organização já chama todos pra levantar. Às 6h30 começou a ser servido o café.

Eu fiquei um tempo a mais no quarto, até escrever o blog de anteontem, depois fui pro café.

Às 8h teve missa, aqui na capela do colégio Marista. Foi bem bacana. Muito animada e cheia de significado. Um momento marcante foi no ofertório, onde foram levadas bandeiras e camisetas da caminhada. O altar ficou cheio de bandeiras dos estados, da PJ de todo o Brasil e de camisetas.

Na seqüência, fomos para a plenária. Antes de começar a primeira palestra, como sempre, um momento de animação. Quem está puxando isso aqui é a banda "Flor de Mandacarú", do Maranhão. A banda é muito legal, super animada. A percussão (composta de bateria, tambores e outros) dá um toque especial, animando ainda mais.

Cantaram músicas como "Coração Livre", "Axé", "Momento novo", "Negro Nagô", dentre outros. Ninguém fica parado: formam-se rodas e todos ficam dançando e interagindo. Show de bola.

Nesses momentos de animação, às vezes há alguns gritos de ordem e músicas cantadas pelo povo de Maringá (PR) e Belo Horizonte (MG), as duas principais dioceses interessadas em levar o 10º Encontro Nacional da PJ para lá. Por um lado, é bacana essa disponibilidade das duas em sediar o décimo mas, por outro, temo que essa disputa acabe dividindo e distanciando os jovens dessas dioceses. Afinal, estamos ainda no 9º ENPJ, e temos que viver este. O 10º acontecerá só daqui a 3 anos, e quem definirá o local é a coordenação nacional da PJ.

REALIDADE TEOLÓGICA

O tema do dia de hoje é "Realidade juvenil e realidade teológica". Por isso, a primeira atividade após a animação foi uma mesa com o tema "Onde o jovem se encontra na Bíblia". O Pastor Luiz, do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) fez uma exposição sobre o assunto.

Ele resgatou alguns momentos, na Bíblia, em que jovens foram chamados. Destacou 3 exemplos: Oséias e Gomer, Jó e Maria. Focou bastante na questão da vocação, dizendo que temos que responder a ela, superando o medo, sempre se inspirando em Jesus Cristo, o modelo de todo agir profético cristão. Contudo, responder à vocação não quer dizer vida tranqüila.

Também disse que temos que assumir a condição de servo, e não de ser servido.

O cara tem muito conhecimento, e falou coisas bem interessantes. Pena que se prolongou demais o que, juntando com o cansaço acumulado que os jovens trazem (viagem, dormir tarde, acordar cedo...) e o calor do dia, já dá pra imaginar o resultado: gente "pescando" na plenária, alguns até dormindo.

LOJINHA DA PJ

Ao meio-dia, aproveitamos para ir às compras. Aqui tem uma sala que é a "Lojinha da PJ", onde as dioceses trouxeram materiais para comercializar.

Esperamos um pouco para poder entrar (pra não ficar gente demais na sala, o povo vai controlando e só deixa uns entrarem quando outros saírem).

Quando entramos... Quanta coisa! Camisetas, chaveiros, livros, bijuteiras... É muita coisa da PJ que nunca conseguimos, a não ser nesses espaços. Aproveitamos bem, ficando talvez mais de uma hora na loja.

Quando fomos pro almoço, quase ficamos sem. Almoçamos no mesmo momento dos cozinheiros. Nem as fichas de almoço estavam sendo mais recolhidas.

DOM EDUARDO

À tarde, após a animação, D. Eduardo falou sobre "O jovem nos documentos da Igreja". Ele é o bispo responsável pelo Setor Juventude na CNBB.

Destacou a presença do jovem em 3 documentos: o Documento 85, o Documento de Aparecida e as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da CNBB.

Disse que os documentos trazem o jovem como ser cheio de dons, capazes de se opor a uma vida sem sentido. Fazem a diferença na Igreja e na sociedade.

Frisou que "o jovem não desapareceu da Igreja. Quando nós, Igreja, temos proposta criativas e cativantes, o jovem vem".

PADRE HILÁRIO DICK

Em seguida, teve a fala do Pe Hilário Dick. Ele dedicou boa parte de sua vida à causa da juventude. Aos 72 anos, é reconhecido em toda a América Latina como uma referência na PJ.

A fala dele sempre é bem espontânea, informal, próxima, embora às vezes foge um pouco do roteiro.

Ele diz que o jovem tem a "moratória vital", um dinamismo que vai diminuindo com o passar dos anos. Já a sociedade tem uma "moratória social", colocando o jovem no freezer, dizendo para ele: "Você fica aqui enquanto não pensa como nós".

Hilário lembra do exemplo de Jesus: "Ele dá a vida no momento em que mais tem vontade de viver".

Disse que há 4 formas de olhar a juventude:

1) Juventude como etapa preparatória (moratória social, o jovem não está pronto, é preciso que os adultos o formem e controlem essa força nova. Jovem como futuro, pois no presente não está pronto);

2) Jovem como problema (gera conflitos, faz coisa errada. É preciso ocupá-lo para que não cause problemas);

3) Juventude como força de renovação (potencial revolucionário, capaz de mudar. Visão ingênua. Somos a geração mais manipulada da história);

4) Juventude como sujeito de direitos no caminho da autonomia.

Também falou do Setor Juventude: "Se atrás do Setor Juventude está a vontade de desarticular, é um pecado contra o Espírito Santo. No documento 85 a idéia não é essa, mas muitas vezes é mal interpretado.

Pra finalizar, 2 frases marcantes:

"Se você quer ser assessor/coordenador da PJ, e não consegue ver o/a jovem como coisa de Deus, não se meta nessa"

"Com o jovem não se brinca, com o jovem se caminha até o horizonte".

O Pe Hilário foi muito aplaudido.

PERGUNDAS DA PLENÁRIA

Houve 2 momentos em que os jovens puderam fazer perguntas a D. Eduardo e ao Pe Hilário.

A D. Eduardo, vieram perguntas questionando a extinção da PJB como instância nacional, e também sobre a relação da Igreja com os jovens.

Sobre a PJB, disse que já era uma reflexão de anos, e que a PJs continuarão tendo representatividade no Setor Juventude. Frisou o que já tinha escrito na carta enviada aos bispos sobre o assunto.

Sobre a relação da Igreja com a PJ: o documento 85 trouxe vários avanços, mas não quer dizer que isso está implementado. Está oficializado. A implementação vai depender mais da juventude do que do clero.

"Vamos cair na real: a PJ é uma desconhecida para muitos padres e bispos. E quem vai fazer ela conhecida somos nós".

Ao Pe Hilário, dentre outras coisas, foi perguntado sobre a relação dos padres com a Igreja. Ele disse, quase chorando: "vocês não sabem a riqueza que vocês são no sentido afetivo, meninos e meninas. E os padres também têm coração. A comunidade sente falta de vocês".

Também falou da importância de avançarmos na questão da espiritualidade na PJ: "Ou o cristão do século XXI será místico, ou não será nada".

NOITE CULTURAL

À noite, teve o primeiro bloco de apresentações culturais, com 9 regionais mostrando aspectos de suas culturas. Teve danças, cantos, piadas, poesias, falas...

Nós apresentamos a canção dos 25 anos das PJs de SC, falamos da história do chimarrão (Antonio), falamos em italiano (Lila) e alemão (Iva) e dançamos Herschmidt, convidando o povo pra dançar junto. Foi bem legal. Muitos dançaram animados.

PJBu

Após as apresentações, um povo do Rio Grande do Sul convidou a gente pra ir pra PJBu (PJ do Buteco =D). Então fomos num posto de gasolina aqui perto, tomar uma cerveja e trocar umas idéias. Foi bem legal esse contato.

Conversei um tempo com a Dienifer, do RS. Fiquei admirado com sua força de indignação frente as injustiças e vontade de transformação. Isso inspira a gente a seguir firme na caminhada.

FSM E FMTL

Hoje conversamos com o povo do Pará sobre o Fórum Social Mundial e o Fórum Mundial de Teologia e Libertação. Alguns vão. Não fizemos a inscrição pro Fórum de Teologia (o prazo que tava no site era até novembro, quando nem tínhamos decidido se íamos viajar. Depois dormimos no ponto), mas estamos loucos para participar. Vamos ver se conseguimos nos inscrever. Falamos com a Arleth, jovem da PJ que tava ajudando nas inscrições lá. Ela vai ligar pra secretaria pra ver se consegue nos inscrever.

Conversando com a Dienifer, que já participou de 2 edições do FSM em Porto Alegre, aumentou a vontade de participar. Ela disse que isso fortalece as esperanças em "outro mundo possível".

E assim se encerra o primeiro dia em que participamos do evento o dia todo.

Está muito bacana o contato com os jovens, pelo refertório, nos corredores... Vamos conhecendo gente de todo o Brasil. É a PJ sonhando e agindo junta para ajudar na construção da "Civilização do Amor".