Acordei às 6h. Tinha uns piás fumando e conversando (provavelmente não tinham dormido).
Não consegui mais dormir, pensando em tudo que perdi com o furto. Especialmente o registro da viagem (fotos e filmagens. Queríamos fazer um documentário depois, mas não vai mais dar) e dados pessoais (trabalhos de faculdade, coisas da PJ, projetos pessoais...).
Os demais kombatentes levantaram às 8 e pouco.
A Fran (da PJ do Paraná, que estava com a gente hospedada na Arleth esses dias) veio toda alegre fazer uma entrevista conosco, pra fazer uma matéria pra revista italiana da qual é correspondente. Mas, após contarmos o ocorrido ontem, e vendo nossa cara de velório, resolveu tentar fazer a matéria com base no blog. Pobre Fran, tava tão animada...
A Lila não estava muito bem. Desde ontem, tinha umas dores, provavelmente início de gripe. Levamos ela pra tenda dos bombeiros e tomou remédio.
Arrumamos as bagunças e zarpamos do acampamento. À tarde terá encerramento do Fórum, mas não sobrou motivação nenhuma para ficar por lá.
Fomos para um posto policial lá perto fazer o Boletim de Ocorrência. Foram muito gentis conosco, e fizemos o B.O. Mas provavelmente não dará em nada. É muito difícil achar o furtador.
DESPEDIDA DA ARLETH E FAMÍLIA
Nossa querida Arleth nos mandou mensagem no celular para almoçarmos lá. Fomos.
Nos revezávamos. Uns almoçavam e outros cuidavam a Kombi. Dizem que o bairro é perigoso. E cachorro mordido de cobra tem medo de minhoca...
Apesar da insistência do povo pra ficarmos mais um pouco (acho que gostaram da gente tanto quanto gostamos deles), fomos embora às 2 e pouco da tarde. Ainda precisávamos avançar uns 200km, pra amanhã chegar cedo em Imperatriz e tentar lavar a roupa.
Nos despedimos da família da Arleth: dela, mãe, irmãs, cunhados, sobrinha... E também da Ir. Adé.
Povo que há 10 dias nos acolheu e tão bem nos tratou. Que dividiu o que nem sempre era farto, mas sempre de coração. Povo amado, obrigadão! Somos muito gratos e não esqueceremos de vocês!
IDA TRISTE
Dessa vez, a Kombi não se encheu de alegria ao estarmos novamente na estrada. O caminho foi tão silencioso, tão melancólico...
Esse era meu medo: de que o furto fosse prejudicar nossa viagem de volta. Mas acho que conseguiremos recuperar nosso ânimo.
Eu ficava olhando o horizonte, pensando no que perdi, buscando razões para olhar pra frente e esquecer o passado.
POUSO NUM POSTO – PARTILHA DE VIDA
Com 200km rodados, já estava próximo de escurecer. Paramos num posto 24h, e achamos um espaço para armar uma barraca.
Felizmente, a Lila já estava melhor da gripe.
Fizemos janta (sopa de saquinho) e depois, pipoca e mate-doce. Sentamos numa roda e ficamos conversando.
Foi um dos melhores momentos da viagem, na minha opinião. Até porque retomou nosso ânimo, depois do pior dia da viagem. E pela cumplicidade mútua, intimidade, amizade entre nós 5.
Falamos sobre inúmeras coisas. Comentamos que, apesar do furto, continua sendo o melhor início de ano de nossas vidas. Discutimos sobre a maravilha do testemunho, pois acabamos inspirando muita gente, assim como nos inspiramos em outros na caminhada. Isso é legal, pois acreditamos que o testemunho vale mais que a teoria. Também conversamos sobre como é bom estarmos juntos, nós 5. Tem uma música do Oswaldo Montenegro que diz: “faça uma lista de grandes amigos. Quem você mais via há 10 anos atrás. Quantos você ainda vê todo dia? Quantos você já não encontra mais?”. Será que, daqui a 10 anos, ainda seremos tão bons amigos? Lembrei que, dos amigos que tenho hoje, quase nenhum eu conhecia 7 anos atrás, antes de entrar na PJ. A Lila acha que (e espero que isso aconteça) continuaremos bem amigos, pois nossos propósitos de vida nos deixam próximos. Sendo pejoteiros, permaneceremos unidos na amizade e na causa.
AVALIAÇÃO DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Avaliamos o Fórum Social Mundial como bom, apesar de ter ficado aquém de nossas expectativas, principalmente no sentindo horizontal (partilha com outras pessoas, especialmente outros jovens). O Dani foi o que melhor interagiu com outros jovens de outras organizações: optou por não participar de alguns eventos e ficou conversando “por aí”. Interessante. Nós – os outros 4 – acabamos participando de mais eventos e tivemos menos interação com outros jovens.
Apesar de tudo, o FSM fortalece a esperança em “outro mundo possível”.
Nesse fórum, percebe-se que estava forte o debate sobre a crise financeira, resultado do neoliberalismo; fortes críticas a esse sistema; e o ecossocialismo, como alternativa.
3 NA BARRACA, 2 NA KOMBI. HUM...
Pra dormir, nos dividimos: 3 na barraca e 2 na Kombi. Ao invés do “mulheres prum lado, homens pro outro”, sempre optamos por misturar, até por uma questão de segurança. Até conversamos sobre o que muita gente deve pensar da gente. Talvez muitos pensem que nós, longe de casa, aproveitemos nossa liberdade de um jeito não muito católico. Devo dizer que somos muito comportados, e que nada acontece. Nossa amizade é muito forte, e nada além disso acontece entre nós. Não nos preocupamos com o que pensam da gente sobre isso. O que importa é o que somos e o que vivemos.
ORAÇÕES
Antes de dormir, é normal que cada um faça suas orações pessoais.
Normalmente uso esse tempo para agradecer a Deus pelo dia (pois geralmente meus dias são muito bons). Ontem, porém, usei para pedir. Pedi a Deus força, força para esquecer o passado e olhar para frente. Hoje, agradeci a Deus por ter me dado esses 4 amigos maravilhosos, que hoje me trouxeram de volta a alegria e a tranqüilidade. Já não importa mais tanto a perda que tive. Claro que sinto, mas já sofrendo bem menos. E é com os outros me ajudando que isso acontece.
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SEJAM BEM VINDOS A PENÁPOLIS-SP
ResponderExcluirNós pjoteiros da Diocese de Lins ficamos muitos felizes em recebê-los em nossa caminhada.
Muitos queriam estar com vocês neste meio de semana, visto que passam por aqui entre uma quinta e sexta-feira, 5 e 6 de fevereiro de 2009, mas por aqui retrato a alegria de todos.
Em Penápolis vocês são acolhidos por São Francisco de Assis, nosso padroeiro. Aqui temos um dos dois santuários nacionais dedicados a ele. O outro fica no Canindé.
Axé amigos.
A vida é pra quem ousa.
A vitória é pra quem luta.
O gosto da terra é de quem semeia.
E só colhe quem planta.
Lucas, coordenador diocesano da PJ de Lins